Com histórico de sindicalista, Lula não poderia se omitir na ajuda aos trabalhadores

Com histórico de sindicalista, Lula não poderia se omitir na ajuda aos trabalhadores

Publicado em 7 de junho de 2024
Por Marta Sfredo.

Medida de ajuda é um tanto improvisada, talvez demande prorrogação, mas vai chegar a quem mais precisa .

Com o impacto do dilúvio de maio se estendendo ainda não se sabe por quantos meses, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não poderia ignorar seu passado de sindicalista e deixar de adotar uma medida para manter renda.

O anúncio, nesta quinta-feira (6), seguiu o roteiro antecipado por empresários gaúchos que sabiam que dificilmente ocorreria a reedição de programas adotados no governo anterior, mas também não haveria omissão nessa área tão cara ao atual presidente.

Se nos primeiros dias do dilúvio de maio, quando representantes de entidades empresariais gaúchas pediram a volta do BEm, adotado na pandemia, ao ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, ainda era cedo para prever tamanho impacto da enxurrada, agora não havia mais dúvida.

Então, não é o BEm, mas fará bem. O modelo não é muito elaborado, mas ajuda exatamente quem mais precisa. Serão duas parcelas de um salário mínimo, uma em cada mês, para 434.253 gaúchos, desde que as empresas se comprometam a não fazer demissões nesse prazo.

Ainda é preciso entender melhor alguns aspectos, como a questão legal do vínculo dos trabalhadores nesse período. A correta exigência de contrapartida da manutenção do emprego é uma pista, mas que ainda exige detalhamento.

Vai na direção certa porque se trata de dinheiro público e precisa resultar em benefícios sociais tangíveis. Da forma como a ajuda foi desenhada – ou improvisada – talvez beneficie quem não estava sob risco de perda de emprego, mas alcança quem de fato foi atingido, de uma forma ou outra, porque está limitado pela “mancha” da inundação.

Por outro lado, corre o risco de ser insuficiente, porque não é certo que dois meses seja tempo suficiente para que grande parte das empresas inundadas retome as condições de operação, faturamento e pagamento normal de salários.

É bom lembrar que, diferentemente da pandemia, a enchente não afetou as empresas de maneira uniforme, só com diferenças de tamanho e capitalização. No Estado, grandes centros industriais já atuam em quase normalidade, como a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) e as distribuidoras de combustível e o polo petroquímico de Triunfo. Randon e Marcopolo – entre outras – ficaram poucos dias sem operar em Caxias do Sul. Até a Neugebauer, da arrasada Arroio do Meio, salvou-se da catástrofe. Só esse grupo responde por uma robusta fatia do PIB industrial do Estado.

Mas era preciso reconhecer a existência de empresas que não só perderam quase tudo como as condições e até a perspectiva do tempo necessário para retomar os negócios. O dilúvio de maio abateu – também de forma assimétrica – tanto o patrimônio quanto a entrada de recursos nas famílias, especialmente as mais pobres.

Fonte: Gaúcha GZH
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