23 dez Destaque para quem recompensa de forma justa
Destaque para quem recompensa de forma justa
Olhar para o desempenho e oferecer benefícios competitivos são práticas comuns entre as companhias que se destacaram.
Oferecer uma remuneração justa pelo trabalho que realizam, recompensar mais pelo maior desempenho e proporcionar um pacote de benefícios competitivo fizeram a diferença para as empresas vencedoras da pesquisa “As Melhores na Gestão de Pessoas”, realizada pelo Valor em parceria com a consultoria Mercer.
Os índices de satisfação com relação a estes três aspectos marcaram uma diferença de 15 pontos percentuais entre as 35 empresas que se destacaram em uma amostra com 117 empresas. Reconhecer funcionários pelo impacto positivo que geram, após quase dois anos de pandemia, exaustão, estresse e sobrecarga para muitos, foi também um fator que diferenciou em 12 pontos percentuais as vencedoras das demais.
A pesquisa, que reuniu informações de 56 mil funcionários, aponta que as empresas vencedoras também criaram mecanismos para que as pessoas se sentissem no caminho de seus objetivos pessoais de carreira ou ações que as ajudassem a atingir suas metas financeiras.
Quase 95% dos funcionários das vencedoras avaliaram que suas empresas respondem efetivamente às mudanças de negócios, contra 87% das demais. Além disso, há uma diferença de 12 pontos percentuais entre os funcionários da vencedoras versus as demais, quando questionados se entendem claramente as oportunidades de carreira para seu perfil nas organizações.
Conseguir viabilizar estes aspectos envolveu o treinamento de uma liderança que fosse mais próxima, escutasse as demandas surgidas durante a crise e as mudanças de modelos de trabalho, e encaminhasse soluções de forma mais individualizada, avalia Stéfani Guerreiro, líder de employee experiente e engajamento na Mercer Brasil. “Se em 2020, as vencedoras foram aquelas que treinaram muito as lideranças para o novo cenário de trabalho, em 2021, também foram aquelas capazes de olhar o indivíduo como um todo, escutando aspectos básicos e com conversas diárias que iam muito além do feedback ou da avaliação anual de desempenho”, afirma.
Para mensurar a avaliação dos funcionários diante de seu gestor direto, a pesquisa deste ano incluiu uma questão dentro da análise do eNPS ou Employee Net Promoter Score. De modo geral, o indicador mede o grau de satisfação dos funcionários ou o quanto são “promotores” das empresas nas quais trabalham. Nesta pesquisa, foi perguntado o quanto os funcionários recomendam sua liderança imediata como “referência de liderança para colegas de trabalho”.
Embora os percentuais não ultrapassem 70% para as vencedoras, nem 50% para as demais, a distância entre as duas foi de 13 pontos percentuais. No total, 11,1 mil funcionários da amostra geral responderam a esta questão. “Sabemos o quanto a liderança vem impactando a experiência e engajamento das pessoas, mas nunca foi tão importante estar próximo, escutando, agindo e oferecendo soluções e a pesquisa indica o quanto fazer isso está impactando diretamente a avaliação e satisfação com relação à empresa”, diz Guerreiro.
Como avalia Antonio Salvador, líder da unidade de negócios de Career no Brasil da Mercer, “nunca foi tão forte a máxima de que ‘as pessoas não deixam as empresas, elas deixam seus líderes’ ”. “É um ponto de atenção que a pesquisa levanta porque mesmo entre as vencedoras, há espaço para melhorias. E é importante também entender que os líderes também foram muito sobrecarregados na crise, tiveram que gerenciar seus próprios dilemas, também enfrentaram burnout”.
Ainda considerando o eNPS, a maior diferença entre as vencedoras para as demais encontrada (de 17 pontos percentuais) ocorreu quando os funcionários foram perguntados se recomendariam a organização como um bom lugar para trabalhar. O que gera essa percepção, porém, não é “nenhuma reinvenção gigantesca na forma de gerenciar pessoas”, diz Guerreiro.
“Quando analisamos os resultados qualitativos que os funcionários reportaram sobre recomendar sua empresa, identificamos temas básicos como: “a empresa cumpre o compromisso em pagar em dia, há valorização do trabalho das pessoas, funcionários são tratados com respeito, a comunicação é transparente, tenho orgulho do serviço entregue para os consumidores”.
A pandemia também fortaleceu a ascensão da agenda ESG e pressionou os negócios a atuarem fora de sua bolha – considerando os impactos positivos que podem ter para atender a demandas sociais e ambientais da sociedade.
A pesquisa indica que os funcionários começaram a valorizar mais o impacto positivo que sua empresa representa na sociedade ou no mundo, avalia Guerreiro. Noventa e cinco por cento dos colaboradores das vencedoras afirmaram que sua empresa possui um interesse genuíno no bem-estar da comunidade em que atua (versus 89% das demais) e 94% que suas companhias melhoram a forma como os clientes e consumidores vivem suas vidas.
A análise dos resultados das vencedoras 2021 comparada àquelas que se destacaram em 2020 indica que, com exceção de “Liderança Responsável”, as outras sete dimensões caíram até 2 pontos ou mantiveram o mesmo percentual de satisfação dos funcionários. A queda maior ocorreu justamente em “Recompensa Justa”, indicando que embora as 35 vencedoras tenham premiado, reconhecido e valorizado seus funcionários mais do que as demais (82 empresas), ainda há oportunidades a serem trabalhadas neste aspecto.
“É difícil mensurar uma recompensa justa diante dos novos modelos de trabalho que passamos a viver, principalmente considerando o modelo remoto onde às vezes há pessoas com sobrecarga e outras não, mas as duas ganhando o mesmo salário. Então vão ter várias percepções. Mas a questão é que as empresas precisam conseguir mensurar melhor para valorizar seus funcionários e reconhecer talentos”, afirma Guerreiro.
Para Salvador, a percepção da remuneração, aliada à justiça pelo trabalho entregue e meritocracia, é fundamental para as empresas se posicionarem bem na “guerra por talentos”, em várias posições, cargos e áreas. “É quase como se pensassem em um salário emocional, tão importante quanto o salário que paga as contas”.
Outra dimensão que envolve atenção das empresas, avalia Salvador, está ligada à agilidade organizacional. Na comparação com 2020, as empresas não ficaram mais ágeis e os patamares das vencedoras ficaram em 70% e nas demais em 60% na premissa “tomada de decisão sem demora”. “É preciso atentar-se a isso, no desenho dos novos modelos de trabalho e retorno ao trabalho para não retomar a burocracia do passado e as estruturas mais engessadas que emperram a tomada de decisão mais rápida”.
O maior crescimento percentual na percepção dos funcionários, considerando as afirmativas que compõem todas as dimensões, envolveu o quanto se sentem à vontade para falar o que pensam sem medo de consequências ruins. Nas vencedoras, esse percentual foi de 80%, um crescimento de seis pontos percentual em relação à empresas de destaque em 2020.
Considerando todos esses aspectos, entre as organizações vencedoras, o índice de engajamento foi de 94% enquanto nas demais foi de 87%. A pesquisa trata engajamento como a resposta que o profissional dá à experiência vivida com a empresa. É a combinação da expectativa que alimenta, da avaliação que faz de suas interações no trabalho e do modo como a empresa lida com eventos planejados e não planejados.
Oitenta e oito por cento dos funcionários das vencedoras permaneceriam na empresa mesmo que recebessem uma proposta com mesmo salário e benefícios para trabalhar em outro lugar. Uma diferença de oito pontos percentuais para as demais e de dois a menos com relação às vencedoras na edição de 2020.
Desde 2018, a metodologia também inclui um índice de prosperidade, que mede o tema no âmbito da empresa, da força de trabalho geral e do funcionário como indivíduo. Neste ano, as vencedoras atingiram índice de 88%, enquanto o das demais foi de 79%.
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