22 set Empresas buscam inspiração no País mais feliz do mundo sobre felicidade e bem-estar no trabalho
Empresas buscam inspiração no País mais feliz do mundo sobre felicidade e bem-estar no trabalho
Empresas brasileiras, como a Gerdau, estão se inspirando no conceito de felicidade aplicado no Butão, para promover a melhoria da vida dos seus profissionais.
Se há alguns anos salário e benefícios eram fatores determinantes para garantir a retenção de talentos em uma empresa, hoje eles perdem feio para um conceito muito mais etéreo que faz com que as pessoas queiram ficar: a felicidade.
Uma pesquisa da Robert Half em parceria com a The School of Life Brasil reforça essa visão com dados que mostram que 44% dos entrevistados indicam como justificativa para a demissão o fato de não se sentirem felizes no trabalho.
Do outro lado, olhando para os resultados dos negócios bem-sucedidos, fica claro que colaboradores felizes têm protagonismo no alcance das metas. Um estudo publicado pela Harvard Business Review aponta que profissionais satisfeitos são 31% mais produtivos, 85% mais eficientes e 300% mais inovadores.
Mirando neste novo cenário em que todo mundo ganha, o maior desafio é entender como carregar o conceito para a prática empresarial. A inspiração vem de longe, do Butão, pequeno reino budista ao sul da Ásia. Por lá, a felicidade é levada tão a sério que o país criou a Felicidade Interna Bruta (FIB), um indicador sistêmico que vai além dos aspectos econômicos para mensurar o desenvolvimento da nação.
No evento “As lições do país da felicidade para as lideranças brasileiras”, realizado pelo Valor e pela CBN, com patrocínio da Gerdau, o ex-primeiro-ministro Tshering Tobgay falou sobre essa jornada. “Felicidade e bem-estar demandam um trabalho duro”, avisou. Para ele, o ponto de partida é o olhar genuíno para o outro e a escuta que permita entender o que causa o sofrimento do próximo.
Desafio organizacional
Foi de uma visita ao Butão em junho deste ano que o CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, trouxe inspiração para adaptar as lições sobre felicidade no mercado corporativo. Dessa imersão, o executivo voltou com questionamentos importantes e insights para colocar o desafio em prática.
“Quais são as estratégias que podemos usar para aumentar o índice de satisfação e felicidade dos nossos colaboradores e colaboradoras, para que eles se sintam psicologicamente seguros e satisfeitos no ambiente de trabalho? Esse é o meu grande papel e desafio como CEO de uma empresa de 122 anos que tem mais de 36 mil profissionais. E é por meio da transformação, evolução e reforço da cultura empresarial que isso acontece”, diz.
Werneck afirma que o cuidado com as pessoas sempre fez parte da cultura da companhia, porém que esse novo olhar para a felicidade passa pela ressignificação do papel da liderança. Ele diz que o conceito da Felicidade Interna Bruta pode ser aplicado por meio de treinamentos, capacitações e pesquisas de clima organizacional, mas que também precisa passar por uma investigação e análise profundas do ser humano.
“Temos de nos questionar: meus colegas de trabalho estão dormindo bem? Estão com algum tipo de problema pessoal que esteja impactando sua rotina? Como estão as emoções dessas pessoas? Temos visto, com mais intensidade nos últimos anos, um crescimento contínuo de questões de saúde mental nas companhias, amplificado por tudo que vivemos diante da pandemia. E cabe a nós, lideranças e empresas, olharmos para nossos colaboradores e colaboradoras de maneira mais estruturada e integrada.”
Segundo Tobgay, a conquista do resultado positivo vem quando a companhia está realmente preocupada e comprometida com a melhoria da vida dos profissionais. “É necessário entender quantos funcionários estão com problemas de saúde, quantos estão deprimidos, com questões financeiras, sofrendo. A partir daí, é preciso trabalhar com políticas e objetivos direcionados para cuidar das pessoas”, disse.
Os primeiros passos foram dados na Gerdau com o reforço da liderança em relação à escuta ativa. Além disso, foi criada uma gerência de saúde e bem-estar e ampliado o programa Mais Cuidado, com apoio psicológico e direcionamentos no campo financeiro. Para trazer mais centralidade ao tema, a empresa detectou a necessidade da criação de um departamento específico.
“Entendemos que seria importante ter uma área para refletir e implementar o tema. Esse departamento estará ligado à diretoria de Pessoas e o assunto será liderado por uma gerência global, responsável por difundir e avançar com a proposta em nossas unidades nos nove países em que estamos presentes”, aponta Werneck.
A filosofia ainda vai ao encontro da ambição da Gerdau de ser uma das companhias mais seguras e admiradas nas Américas e no setor industrial. Um estudo da Gallup mostrou que empresas que têm funcionários felizes reportam 50% menos acidentes laborais. Werneck destaca que a taxa de frequência de acidentes foi 0,66 até a metade deste ano, abaixo da taxa de 0,76 obtida no consolidado de 2022, que representou a menor já registrada da série histórica da companhia.
Uma longa jornada
No evento, Tobgay deixou claro que o Butão trata a felicidade como política pública, mas que o ideal ainda não foi atingido. “É um trabalho duro e temos um longo caminho pela frente”, disse. A lição mais importante para a liderança das empresas que querem traduzir o conceito para a cultura organizacional é simples: a transformação só acontece quando é genuína e requer muito empenho.
“Esse cuidado se dá no fortalecimento das relações humanas, entre lideranças e liderados, entre pares, entre todas as pessoas, independentemente do nível hierárquico. E, para isso, cabe à empresa criar e evoluir uma cultura de cuidado ativo, colocando a segurança, não só física, mas também psicológica, como prioridade”, afirma Werneck.
Assista ao vídeo com a íntegra do evento:
Sorry, the comment form is closed at this time.