Jovem que faz ensino técnico tem renda 32% maior, aponta estudo

Jovem que faz ensino técnico tem renda 32% maior, aponta estudo

Publicado em 28 de novembro de 2023

Vantagem de aluno que termina curso profissionalizante é ainda maior em relação a estudante de ensino médio regular que não foi para universidade.

 Jovens que cursam e completam o ensino técnico terão ao longo da vida profissional uma remuneração, em média, 32% mais elevada do que a renda de estudantes que terminaram o ensino médio regular e não cursaram ensino superior, segundo estudo de economistas do Insper. O trabalho será apresentado no livro “Impacto da educação técnica sobre a empregabilidade e a remuneração”, que será lançado nesta terça-feira (28).

Segundo cálculo a partir da pesquisa, para cada R$ 1 investido na educação profissional de nível médio, o estudante de ensino técnico obtém retorno superior a R$ 3 na própria remuneração.

Essa relação custo-benefício pode ser ainda maior, pois esse número considera a taxa de conclusão de apenas 40% dos egressos do ensino técnico. O retorno sobre o investimento é de R$ 8 para R$ 1 Quando observados apenas os que concluíram o ensino técnico comparado ao jovem que terminou a modalidade regular sem ir para a educação superior. O dado leva em consideração o custo médio de R$ 16 mil da educação profissional técnica de nível médio.

“A relação custo-benefício é muito boa desde que o jovem se matricule [no ensino técnico] e conclua, pois infelizmente a taxa de conclusão ainda é baixa, de 40%. Espero que isso esteja acontecendo porque os estudantes ainda sabem que a perspectiva de renda no futuro seja muito maior se terminarem”, diz Laura Muller Machado, professora e coordenadora dos programas de pós-graduação em gestão pública do Insper.

Ela é uma das autoras do livro junto com Ricardo Paes de Barros, professor titular do Insper, Lígia Lóss Corradi, consultora em pesquisa socioeconômica, Samuel Franco, sócio-diretor da Oppen Social, e Andrezza Rosalém, sócia-diretora da Oppen Social. “Nossa esperança é que esses dados ajudem a conscientizar os estudantes sobre a importância de concluir o ensino técnico.”

Além da remuneração mais alta, o estudo aponta que a chance de inserção no mercado de trabalho também aumenta para quem concluiu o ensino técnico. “Em suma, os resultados encontrados mostram que a taxa de ocupação dos indivíduos que completaram a educação profissional de nível médio é cinco pontos percentuais maior do que teriam caso tivessem concluído apenas o ensino médio regular”, aponta o texto do livro, ao qual o Valor teve acesso.

Outra vantagem é que a formação técnica no ensino médio ainda eleva a possibilidade de trabalho formal e o tempo em que o jovem fica no emprego. Para os pesquisadores do Insper, essa constatação enfatiza a importância estratégica de promover e fortalecer programas de educação técnica não apenas como meio de desenvolvimento pessoal, mas também como um eficaz instrumento na construção de uma força de trabalho cada vez mais qualificada.

Outra vantagem é que a formação técnica no ensino médio ainda eleva a possibilidade de trabalho formal e o tempo em que o jovem fica no emprego. Para os pesquisadores do Insper, essa constatação enfatiza a importância estratégica de promover e fortalecer programas de educação técnica não apenas como meio de desenvolvimento pessoal, mas também como um eficaz instrumento na construção de uma força de trabalho cada vez mais qualificada.

“Dos nossos jovens, somente 24% vão para as universidade; ou seja, 76% não cursam ensino superior”

Ela explica que os dados foram encontrados a partir da análise de 76 estimativas do impacto da educação técnica, presentes em 16 estudos criteriosamente selecionados que corroboram a relevância da formação técnica de nível médio para a inserção no mercado de trabalho e a ampliação dos rendimentos dos trabalhadores.

Para a superintendente do Itaú Educação e Trabalho, Ana Inoue, que encomendou o estudo ao Insper com o Instituto Unibanco, embora a população brasileira esteja envelhecendo, o país ainda tem mais jovens que idosos e é preciso investir na educação técnica para que os estudantes do ensino médio tenham perspectivas renda e futuro melhores.

“Dos nossos jovens, somente 24% vão para as universidades. Ou seja, 76% não cursam ensino superior. E nas famílias de renda mais baixa, existe maior pressão para entrar logo no mercado de trabalho. É nesse contexto que temos que entender a urgência de dar para esses jovens uma condição adequada de seguirem adiante a partir da conclusão do ensino médio”, afirma.

Inoue também explica que as inovações tecnológicas do século XXI têm gerado novas dinâmicas de trabalho que exigem formações mais técnicas. Contudo, desenvolver ainda na idade escolar uma educação profissionalizante não determina o que a pessoa vai ser para o resto da vida nem mesmo impede que curse universidade.

“Os jovens de hoje vão enfrentar novos desafios. E o ensino técnico aos 18 anos não significa a determinação da vida. É uma etapa inicial para que possam se inserir no mundo do trabalho, do qual muitas vezes são excluídos”, diz, reforçando que a formação técnica dos jovens tende a ajudar principalmente os que estão em famílias financeiramente mais vulneráveis.

Fonte: Valor Econômico
No Comments

Sorry, the comment form is closed at this time.