O empenho do cego que se torna juiz do Trabalho aos 44 anos de idade

O empenho do cego que se torna juiz do Trabalho aos 44 anos de idade

Publicado em 26 de julho de 2024
Por Marco Antonio Birnfeld

Nesta sexta-feira, 26 de julho, a Justiça do Trabalho terá importante marco de inclusão. O cidadão Márcio Aparecido da Cruz Germano será empossado como juiz do Trabalho. Será o primeiro magistrado cego a atuar na 1ª instância trabalhista no Brasil. Ele tem 44 anos de idade, é de Maringá (PR), e foi, sucessivamente, técnico judiciário na Justiça Federal e analista judiciário no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 9ª Região (PR). Neste, ele atuou no gabinete do desembargador Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, que também é cego. Em 2024, Márcio foi aprovado no 2º Concurso Público Nacional Unificado para ingresso na carreira da magistratura do Trabalho, e toma posse em São Paulo.

Ele perdeu totalmente a visão ainda criança. Dois erros médicos sucessivos causaram a cegueira parcial e, depois, definitiva. O primeiro erro, aos quatro de idade, quando estava febril, mas o médico que o atendeu avaliou que ele estava prestes a convulsionar. Um remédio com dosagem para adulto foi ministrado ao menino, que era alérgico. A partir daquele momento, Márcio desenvolveu a síndrome de Steven Johnson.

Esta é uma condição médica rara e grave, que afeta a pele e as mucosas. Os principais sintomas incluem febre, dor de garganta, tosse, ardência nos olhos, erupções cutâneas, bolhas, necrose, lesões na pele e nas mucosas. Pode causar úlceras dolorosas e risco de cegueira. Ele perdeu a visão em um dos olhos, aos quatro de idade. E teve novo problema médico quatro anos depois: cursando a 1ª série do ensino fundamental, um erro oftalmológico provocou a privação também da visão do outro olho, pelo qual Márcio enxergava. Ficou totalmente cego aos oito de idade: uma sequência de dois erros médicos no intervalo de quatro anos.

“O Direito do Trabalho lida com a coisa mais sensível da vida humana, que é o trabalho”, disse Márcio ao Espaço Vital na última segunda-feira. Estamos diante de um exemplar caso de tenacidade, obstinação e esperança.

Fonte: Jornal do Comércio
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